Painel para aeromodelismo
Quando comecei no aeromodelismo R/C em 1997
vivíamos os anos "dourados" do plano real. O dólar era cotado à
R$ 1,17 e os produtos para aeromodelismo, principalmente os importados eram acessíveis.
Na verdade, é só perguntar aos mais "velhos" em uma pista sobre a
"leva" de novos praticantes que entraram no hobby justamente neste período. Creio que durante o plano real o aeromodelismo viveu uma fase de
ouro. Nunca se vendeu tanto. Nunca tantos começaram a praticar.
Porém hoje, os tempos são outros. O dólar
paralelo está cotado muito acima dos "anos dourados"!!! Caro demais !!! Os
kits importados já não fazem tanto sucesso e é preciso economizar. Lembro-me
que não comprei, enquanto estava barato, um "Painel" para minha caixa
de campo. Mesmo agora, que sou adepto dos planadores R/C este me faz falta, pois
gosto muito de moto-planadores.
Sendo assim, resolvi desenvolver meu próprio
painel para minha caixa de campo. Tudo muito simples e mais barato que
um modelo comercial.
Como funciona
O circuito pode ser visto na
figura abaixo. Dá para perceber pela sua simplicidade que este projeto poderá
ser montado sem “sustos”. A bateria de 12 Volts x 7 Ah é do tipo
“Gel selada" utilizada em no-breaks e é facilmente encontrada no mercado
especializado. Ela alimenta todo o circuito e tem as mesmas características das
comercializadas em casas de aeromodelismo. A chave "S1" liga/desliga o circuito.
A chave "S2" liga/desliga a bomba de combustível e a chave "S3" inverte o
sentido da mesma, permitindo “encher” ou “esvaziar” o tanque do aeromodelo.
Circuito elétrico do painel
para aeromodelismo
O conjunto
"R1", "P1" e "Q1" formam um "reostato" eletrônico muito simples e bem funcional
que será utilizado para o aquecimento da vela e /ou carregador rápido para
ni-starter's comuns. A corrente utilizada para alimentar a vela é medida
pelo amperímetro.
Dicas para Montagem
Todo o circuito
pode ser montado sob um painel de alumínio ou mesmo madeira. Suas medidas variam
de acordo com a caixa de campo em que o mesmo será instalado, os bornes
utilizados e o tamanho do amperímetro escolhido. Você poderá ainda personalizar
o painel com suas cores preferidas e decalques.
Os bornes
utilizados na montagem devem ser compatíveis com os equipamentos já existentes
na sua caixa de campo (bomba, starter, etc). Em alguns casos, vale
a pena trocar os bornes dos equipamentos, para deixá-los compatíveis. E neste
caso a sugestão é usar bornes tipo “banana”, muito utilizados em equipamentos de
bancada. Lembre-se apenas de usar bornes de cor vermelha para o positivo e a cor
preta para o negativo das conexões.
A
chave "S1" e "S2" podem ser do tipo “H-H” comuns ou tipo alavanca metálica. Tudo
a gosto do "freguês". A chave "S3" deve ser do tipo push-button
normalmente aberto. A chave "S3" não será necessária caso a sua bomba possua
sistema de reversão própria (carga e descarga).
O Transistor "Q1" deve ser instalado em um bom
dissipador de calor e montado com buchas isolantes para os parafusos, com o uso
de mica para o transistor e pasta térmica para melhorar a dissipação.
"P1" é um
potenciômetro linear comum de 1 kW.
O resistor "R1" deve ter no mínimo 1W de dissipação, para uma margem maior de
segurança.
O amperímetro
deve ter um fundo de escala de 5 A ou mais. Este equipamento é facilmente
encontrado em lojas de componentes eletrônicos. Porém você poderá adaptado-lo
utilizando um multímetro digital comum (ou mesmo analógico), que pode ser
encontrado por até R$20,00 nos grandes centros. Este "multímetro" deverá
suportar correntes de até 5 A DC. Como sugestão de instalação este
item poderá ser fixo ao painel com um “velcro” do tipo usado em costura. Assim
ele também poderá ser utilizado, por exemplo, para medir a carga da bateria
interna do aeromodelo.
A bomba também
pode ser facilmente adaptada de um reservatório para gasolina para carros a
álcool, por exemplo. Este item pode ser encontrado em lojas especializadas em
peças para automóveis ou desmanches por um preço bem inferior ao da bomba
específica para aeromodelos, melhorando ainda mais o custo do sistema.
Os fios utilizados nas
ligações internas não podem ser finos, pois a corrente média que circulará pelo
circuito será de pelo menos 5 Ampéres. Na figura de abertura desta página você
tem um exemplo para a disposição dos itens no painel.
Para instalar o painel na
caixa de campo, você pode usar a figura abaixo como referência. Meu conselho é
inserir um ponto externo para a recarga da bateria, quando necessário.
Instalação do painel na caixa de campo
Auxílio com os testes
Para o uso deste painel basta
ligar os itens de sua caixa de campo aos bornes corretos. O uso do ni-starter
do painel merece um cuidado especial. Ele poderá aquecer qualquer tipo de
vela, pois trabalha com uma corrente superior aos ni-starter
convencionais.
Coloque o potenciômetro na
posição “mínimo” e ligue uma vela de aeromodelo nos bornes correspondentes. Gire
o potenciômetro em direção da posição “máxima” e observe a vela. Quando ela
ficar incandescente você deve parar com o giro. Marque as posições ideais para
cada tipo de vela que você vai utilizar. Isso evitará a queima desnecessária das
mesmas em campo.
O ni-starter da caixa
também poderá ser utilizado como carregador rápido para um ni-starter
portátil. Ligue o ni-starter ao painel, regule a corrente na faixa de 1
A, e aguarde no mínimo 15 minutos. É recomendável fazer algumas experiências
para determinar o melhor fator corrente x tempo para a carga do seu
ni-starter portátil.
Na figura abaixo, dou um
exemplo para montagem de um conector de carga. Utilizei para isso uma porca com
o mesmo diâmetro das velas de aeromodelo soldada a um plugue P2 mono.
Exemplo de um plug para carregar
ni-starter portátil
Lista de materiais
1 – transistor 2N3055
1 – resistor 100R x 1W
1 – potenciômetro linear
1K
1 – amperímetro c/ fundo
de escala 5 ampéres
2 – chaves “H-H”
1 – chave “push-button
normalmente aberto”
3 – bornes fêmeas tipo
“banana” vermelhos
3 – bornes fêmeas tipo
“banana” pretos
Diversos
Fios para ligações, placa
de alumínio ou madeira, parafusos, decalques, knob, etc
O
circuito foi devidamente testado. Não
me responsabilizo por possíveis problemas que possam ocorrer
durante a sua montagem ou pelo uso inadequado deste circuito. Você
está por sua própria conta e risco.
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Este
projeto foi publicado, com minha autorização, na Revista Eletrônica Total nº 86 de setembro/outubro
de 2002. |
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